Certa ocasião, um cidadão tido pelos populares como perigoso golpeou um “amigo” com um facão, abrindo-lhe a cabeça. Recebemos a informação que o malfeitor estava acompanhado de outro elemento da mesma laia. Ambos estariam armados com espingarda e homiziados em um casebre, num local de difícil acesso.
Chegamos ao local onde supostamente estariam escondidos, eu estava acompanhado de todo o efetivo da Polícia Militar da cidade, naquela oportunidade: o outro colega.
Desobedecendo a premissa de supremacia de força, porém muito cautelosos quanto à abordagem, efetuamos o cerco à residência (se é que dois militares em volta de uma casa constitui um cerco).
No intuito de intimidar o autor e seu comparsa, começamos a dar voltas na construção e, a cada cinco ou seis passos, mudávamos a voz, ora elevando, ora abaixando o tom, para que acreditassem que a casa estava realmente cercada por vários policiais.
Gritos imperativos tomaram o quintal, a lateral esquerda, a direita e a frente da residência.
_ Atenção, aqui é a Polícia Militar! Saiam com as mãos para cima! (com voz grossa).
_ A casa está cercada (com voz não tão grossa).
_ Se não sair, vamos entrar! (lá no fundo)
_ Sai logo rapaz! (Lá na frente).
A funcionabilidade do plano foi posta em xeque quando o autor enfiou a cabeça para fora da janela e avistou apenas um policial. Não obstante a desconfiança que suscitou nele, estávamos dispostos em dar prosseguimento ao nosso plano, até atingirmos nosso intento de capturar dois.
Pensamos que talvez eles poderiam olhar de novo, caso vissem o mesmo policial desconfiariam da nossa quase inferioridade numérica, então nos preparamos para isso.
O outro polícia, obstinadamente pegou um pano velho e sujo no chão e cobriu-se para dar a falsa impressão de que se tratava de um outro policial, agora vestido de preto, a pouca luminosidade favoreceria a ilusão de ótica.
Devidamente vestido, a gritaria começou de novo:
_ Polícia, saia com as mãos para cima! (com a voz totalmente diferente daquelas primeiras)
_ Nós vamos entrar! (outra voz, outro tom)
A gritaria assustou os autores e o plano funcionou. Um deles respondeu com voz trêmula e com ar de embriagado: "Para que este tanto de pulícia? Eu vou sair só se vocês prometer que num vai fazer nada cumigo?"
O outro PM, perplexo com o resultado positivo da operação, erroneamente ordenou:
_ Jogue as mãos para fora e saia com as armas na cabeça!
Melhor seria se ele dissesse: “Jogue as armas para fora e saia com as mãos na cabeça”. De qualquer modo eles entenderam e acataram as ordens. Efetuamos a prisão dos dois e de forma solícita, como sempre é o serviço policial, respondemos ao seu questionamento:
_ Cadê os outros “pulícia”?.
De pronto:
_ Falamos para irem embora, de vocês dois até mesmo um único guarda mirim dava conta.
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